TRISTE NOTÍCIA
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CORPO DE ALEX CD´S E NAMORADA SÃO ENCONTRADOS NA BARRAGEM DO BEZERRO
*A equipe do Corpo de Bombeiros, sob o comando do sub-tenente Valdemar,
resgataram por ...
‘Vou contar tudo’, diz ex-braço direito de Fleury sobre
crimes da ditadura
Instalado em Itatiba, o delegado
Carlos Alberto Augusto, o Carteira Preta, só aceita falar na Comissão da
Verdade se também puder contar as ações praticadas pela esquerda
Aguardado nas comissões que investigam os crimes da
ditadura como uma das prováveis revelações do período, o delegado Carlos
Alberto Augusto, ex-braço direito do chefão do Dops paulista, Sérgio
Paranhos Fleury, está ansioso para falar. Quer abrir o que sabe sobre o
longo período em que atuou como agente da repressão, mas faz exigências: “Vou contar tudo e não só a verdade que a comissão deseja
ouvir. Quero que a sessão seja acompanhada pela imprensa ou, se
possível, transmitida ao vivo”, diz o delegado. Leia mais: Ex-braço direito de Fleury, delegado terá de depor sobre crimes da ditadura
Instalado numa sala modesta da delegacia de Itatiba, a 80
quilômetros de São Paulo, o homem apontado pela esquerda como um dos
mais ferozes agentes da repressão, passa os dias cuidando de crimes
rastaqueras (briga de vizinhos, intrigas familiares, furtos famélicos
etc.) e rascunhando episódios da luta armada que vão, aos poucos, sendo
resgatados na memória, mas que ele ainda mantém em segredo. Sua literatura de cabeceira é um relatório sobre as ações
das organizações de esquerda reunidas no Orvil (livro ao contrário),
patrocinado por remanescentes do regime na tentativa de estabelecer um
contraponto às versões dos movimentos de defesa dos direitos humanos. Vladimir Herzog: Presidente da CBF pode esclarecer nova hipótese para morte
São Paulo: Registros revelam ligação de empresários e embaixada com o regime militar
AE
Protesto no fim dos anos 70 pelo paradeiro dos desaparecidos durante a ditadura militar
Aos 68 anos de idade, 43 deles como policial e,
destes, pelo menos sete dedicados à repressão política, entre 1970 e
1977, Carteira Preta, como é conhecido, é dos poucos agentes ainda na
ativa. Nem para ler uma notícia deixa o cacoete adquirido na polícia
política: analisa cada frase que escrevem sobre ele e tem sempre um
argumento contra. “Nada é o que parece”, filosofa. É um arquivo vivo do
período mais duro dos anos de chumbo. As operações comandadas por Fleury
foram seu “batismo de fogo” como policial.
E ele agora, para sua defesa ou desencargo de
consciência, diz que quer detalhá-las. Mas só aceita falar se puder
contar a história completa de cada episódio. Ou seja: ele quer abordar
também as ações praticadas pela esquerda. “Se me convocarem, irei com
muito prazer, chegarei antes de todos e falarei tudo o que sei sobre o
que me perguntarem. Acho que eles precisariam uns quatro dias para ouvir
tudo o que tenho a dizer”, repete o delegado. Ex-delegado do Dops: 'Delegado Fleury foi morto pelos militares'
Carteira Preta se tornou, desde o ano passado, um dos
raros réus em processos criminais que tramitam na Justiça Federal sobre o
desaparecimento de presos políticos. É acusado de sequestro do corretor
de imóveis Edgar de Aquino Duarte, preso em 1971 e desaparecido desde
junho de 1973. Corretor da Bolsa de Valores de São Paulo, Duarte não
exercia, à época, atividade política, embora tivesse um histórico de
militância como ex-marinheiro. Para enquadrá-lo no mesmo processo em que também são réus
outros dois homens fortes da repressão, o coronel da reserva Carlos
Brilhante Ustra e o delegado Alcides Singillo, o Ministério Público
utilizou uma decisão do Supremo Tribunal Federal num caso de extradição.
O STF considerou sequestro um crime permanente, que só se extingue
diante da comprovação da libertação ou da morte da vítima. “Em junho de 1971, ele participou da prisão de Aquino,
que foi visto pela última vez em junho de 1973 nas celas do fundão do
Dops”, sustenta um dos procuradores que assinam a denúncia, Sérgio
Suiama, para quem o corretor teria sido morto porque sabia demais.
Aquino foi preso junto com o Cabo Anselmo (José Anselmo dos Santos). Em
liberdade, poderia comprometer os planos de Fleury, que organizara boa
parte das operações para eliminar militantes da luta armada com base nas
delações de Cabo Anselmo, militante treinado em Cuba que colaborava com
a repressão, delatando companheiros. Leia mais sobre a ditadura militar: 'Rubens Paiva foi morto por agentes do DOI-Codi' ‘Um capítulo se encerrou’, diz filha sobre morte de Rubens Paiva na ditadura O delegado nega o crime, afirma que nem chegou a conhecer
o corretor e, mostrando Informações anotadas à mão, que diz ter
retirado do próprio processo, afirma que Duarte era militante do grupo
ligado ao ex-governador Leonel Brizola e teria se estabelecido em São
Paulo depois de abandonar uma suposta base de treinamento de guerrilha
no Mato Grosso. Diz que no processo que tramitou na Comissão de Anistia
há cópia de uma certidão de óbito expedida por um cartório do Recife, o
que contestaria a tese de desaparecimento. “Ele (Duarte) se rebelou contra Brizola e abandonou a
base. Pode ser um caso de justiçamento”, diz o delegado, antecipando o
que deve dizer na Comissão da Verdade
sobre o desaparecimento do corretor. A tese é rechaçada pelo Ministério Público Federal. Mas não é só este o caso em que o delegado, como
investigador do Dops, participou. Ele atuou na linha de frente da
repressão. Foi o autor da prisão do Cabo Anselmo e, depois, andou com o
delator a tiracolo atrás de militantes com os quais eram marcados
encontros que se transformavam em armadilhas mortais. Na mais famosa delas, conhecida como o massacre da
Chácara São Bento, nas proximidades de Olinda, em Pernambuco, Anselmo
atraiu para morte seis militantes de esquerda, entre os quais se
encontrava sua própria companheira, a paraguaia Soledad Barreto Vidma, a
Sol. O detalhe escabroso é que a ativista, uma bela mulher, filha de
históricos comunistas paraguaios, com quatro meses de gestação, esperava
um filho de Anselmo.
Leia as notícias sobre a Comissão da Verdade Toda a operação que resultou no massacre foi coordenada
por Carteira Preta, que se tornaria desde então uma espécie de anjo da
guarda do Cabo Anselmo. A relação só foi rompida no ano passado, quando o
ex-marinheiro decidiu, por conta própria, dar uma entrevista ao
programa Roda Viva, da TV Cultura. Os dois ainda se falam, mas o
compromisso de proteção se rompeu. Carteira Preta infiltrou-se nos sindicatos do ABC e em
movimentos sociais e pastorais ligados à Igreja Católica. Nessa
condição, participou de reuniões com o então bispo do Recife, Dom Helder
Câmara e, quando não esteve diretamente envolvido nas ações, produziu
informes que resultaram em prisões, tortura e morte de ativistas. Na Comissão da Verdade, afirma que responderá
objetivamente um a um os casos em que atuou, inclusive episódios que
possam elucidar paradeiro de guerrilheiros desaparecidos. Diz que
cumpriu sua função como profissional de polícia, admite que não gosta de
comunistas (“se o comunismo fosse bom o capitalismo já teria
comprado”), afirma que os conflitos fizeram parte da guerra entre o
regime militar e a esquerda e não demonstra qualquer arrependimento. A esquerda diz que Carteira Preta foi além de seu papel
como policial, participando de tortura e assassinatos. “Durmo com a
cabeça tranquila. Faria tudo de novo”, afirma o delegado.
Redação
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