Serviço dos Correios piora e irrita clientes
A leitora Talita Franco também contou ao GLOBO sua frustração com o serviço: “Em outubro do ano passado, postei no correio uma carta registrada para Paris que não foi entregue. Reclamei e pediram 60 dias para verificar. Até hoje, nada. No dia 28 de dezembro de 2012, postei outra carta, que até hoje também não chegou ao destino, e pedem mais dois meses para verificar.”
O peso da correspondência
O advogado Carlos Eduardo Balteiro Filho, morador da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, enfrenta problema diferente: costuma receber cartas que deveriam ter sido entregues em outros endereços.
— Moro em um condomínio, numa rua transversal à praia. Os carteiros não vêm aqui com frequência, apenas duas ou três vezes por semana. E deixam aqui correspondências de vizinhos e até de outros endereços. A impressão é que querem apenas se livrar do peso da correspondência e a despejam em qualquer lugar — diz Balteiro Filho. —No meu caso, não me canso de tirar segunda via de contas e faturas pela internet. E quem não tem acesso? Paga multa pelas contas que são entregues com atraso? Ligo para os Correios ou mando e-mail reclamando. Na maioria das vezes, devolvem o dinheiro corrigido. Mas o que o cliente realmente gostaria é da boa prestação do serviço, dentro do prazo.
— Em casos de extravio de correspondência ou outro problema envolvendo o serviço dos Correios, cabe ao consumidor o ressarcimento do que foi pago. No entanto, o consumidor terá de demonstrar que houve o dano. E é importante sempre observar o preenchimento correto dos dados do destinatário e do remetente, caso a correspondência tenha de ser devolvida a quem a enviou. Esse é um dever do consumidor. E o prejuízo tem de ser avaliado, estimado em consenso, de preferência — destaca Selma.
Janaína Alvarenga, advogada da Associação de Proteção e Assistência ao Direito do Consumidor (Apadic), lembra que são raros os casos de acordo por via administrativa quando se trata dos Correios. E as ações judiciais são longas.
— Como o processo será aberto contra uma empresa da União, o consumidor terá de recorrer à Justiça Federal, onde o trâmite das ações é mais demorado do que nos juizados estaduais. Uma ação dura, em média, oito anos para ser concluída. Ainda assim, vale a pena o consumidor exigir seus direitos. Nesses casos, não é necessária contratação de advogado, basta apresentar nota fiscal do que foi postado para provar que houve extravio — diz Janaína.
Empresa diz cumprir metas
Os Correios informaram ter superado todas as metas estabelecidas pelo governo federal. E argumentaram que o atraso na entrega pode ter diversas causas, incluindo o trânsito de veículos e a insegurança em áreas de risco, em capitais como Rio e São Paulo.
“Há vários fatores que podem atrasar, dificultar ou mesmo impedir a entrega, como endereçamento incompleto ou errado, embalagens inadequadas, falta de caixas receptoras de correspondência, ausência de pessoa para receber a entrega e dificuldade de acesso ao local. Aumentos de postagens em determinados períodos, sobretudo em decorrência de promoções do comércio eletrônico, podem também extrapolar a capacidade das linhas de transporte, o que exigirá um tempo maior na transferência dos objetos entre as unidades de origem e destino”, informa a estatal em nota.
A empresa nega que haja problemas com o sistema de rastreamento e diz que o serviço vai melhorar com o uso de smartphones pelos carteiros. A utilização do novo aparelho, inicialmente apenas para o Sedex 10, a partir de maio, vai permitir que sejam passadas informações em tempo real sobre a entrega da encomenda. Para os demais serviços registrados, a implantação do sistema está prevista para ocorrer até o fim deste ano. “Vai também ajudar a melhorar o planejamento e gerenciamento operacional e acelerar o retorno da informação ao cliente sobre a entrega do objeto”, diz a nota.
Segundo a estatal, nos últimos dois anos, foram investidos cerca de R$ 470 milhões na ampliação de unidades, na aquisição de veículos, na compra de computadores e na contratação de 15 mil trabalhadores por concurso público. Até abril, mais 6,6 mil serão admitidos.
O Globo
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